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Jeffrey Sachs: "Corte de estímulo nos EUA elevará juro"

Economista avalia, porém, que fim gradual do programa de afrouxamento monetário do BC americano não levará a um aperto do crédito

Por Danielle Nogueira

RIO - O economista americano Jeffrey Sachs, assessor do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, prevê crescimento anual de 2% a 2,5% ao ano para os EUA, o que permitirá o desmonte da política de estímulos do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). Ele também está confiante no crescimento das economias emergentes. Sachs esteve no Rio ontem para o lançamento da rede de cidades sustentáveis da ONU.

A economia americana está se recuperando a um ritmo que permita ao Fed reduzir seu programa de estímulos?

Os EUA devem crescer a longo prazo a um ritmo de 2% a 2,5% ao ano. O corte de de estímulos evidentemente vai elevar a taxa de juros um pouco e poderia desacelerar levemente o crescimento. Por outro lado, o quantitative easing (programa do BC americano de afrouxamento monetário) poderia continuar a distorcer o mercado global de capitais. Acredito que o programa vai ser gradualmente removido, mas não acredito que o Fed permitirá um aperto do crédito.

Na China, devemos esperar uma intervenção do BC para assegurar liquidez?

A crise de liquidez na China é definitivamente um golpe na economia. Provavelmente haverá necessidade de mais intervenção do banco central para evitar um aperto do crédito. O BC aparentemente deixou uma porta aberta para um ajuste fino, o que pode sugerir novas injeções de crédito.

China e Brasil estão crescendo menos. É uma tendência?

Acredito que isso seja uma fase transitória. Estou otimista quanto às economias emergentes. A convergência das economias emergentes no sentido de ocuparem a posição de liderança do crescimento da economia global provavelmente vai continuar num horizonte de cinco a dez anos.

Se a economia americana está melhorando, haverá migração em massa de recursos dos emergentes para os EUA?

Investidores são volúveis, certamente, mas os fundamentos sugerem, para mim, a continuidade do crescimento das economias emergentes a taxas acima daquelas das economias avançadas. Neste caso, os investidores pessimistas de hoje voltarão a ser otimistas de novo.

A desaceleração econômica pode ser considerada um pano de fundo da eclosão de protestos no Brasil?

Os movimentos têm explodido em várias partes do mundo, por inúmeras razões. Aqui houve uma questão ligada às tarifas de ônibus. Nos Estados Unidos, tivemos o movimento do Ocupem Wall Street, que se espalhou pelo país. Em Estocolmo, o problema é a imigração. O que percebemos é que há uma insatisfação das pessoas em relação a seus líderes. Eles terão que repensar a forma como estão respondendo às reais demandas da população.

O senhor integra um programa da ONU que busca criar uma rede de cidades para pensar soluções sustentáveis. Tratar desses temas em nível municipal seria uma forma diferente de abordagem política de velhos problemas?

Depois da Rio +20, a ONU decidiu estabelecer metas globais de sustentabilidade, como foi feito com as Metas do Milênio. É uma agenda pós-2015. Foram criados 12 grupos de trabalho, um deles o de cidades sustentáveis. Neste caso, uma das iniciativas é a criação de uma rede para pensar soluções locais que podem ser replicadas em outras cidades do mundo. O Rio é a primeira cidade a integrar a rede. Nova York, Estocolmo, Bangalore (Índia) e Acra (Gana) também devem integrá-la. São cidades que são ícones globais.

Foto: Laura Marques / Agência O Globo
Fonte: O Globo

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