Documento foi divulgado nesta semana e contou com ajuda de brasileiros. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável devem entrar em vigor em 2015.
Por Eduardo Carvalho
Do G1, em São Paulo
Um grupo de especialistas de várias partes do mundo, coordenado pelo economista norte-americano Jeffrey Sachs, lançou nesta semana o primeiro rascunho com os dez Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) que as sociedades civil e científica acham necessários para nortear a criação de políticas ambientais, sociais e econômicas a partir de 2015.
O texto é resultado de um grupo de discussão iniciado em agosto passado, a pedido do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e é um desdobramento de decisões tomadas na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O encontro ocorreu em junho do ano passado no Rio de Janeiro, reuniu chefes de Estado e representantes de quase 200 países-membros da ONU.
Na cúpula, ficou acordado que os governos participantes fixariam metas (os ODSs) que integrassem formas de combater a degradação dos recursos naturais do planeta, ações contra a pobreza e em favor da igualdade social.
Essas metas entrariam em vigor a partir de 2015, assumindo o vácuo deixado pelos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs), que expiram nesta data e abordam temas como a erradicação da pobreza e da fome, o acesso ao ensino universal e a redução da mortalidade infantil.
O relatório foi apresentado no último dia 7 e está disponível na internet para consulta pública (em inglês) até o próximo dia 22. Ele classificou diversos temas como prioritários, alguns não tão novos - mas que ainda precisam de políticas para resolver problemas relacionados a eles --, como o combate à pobreza e à fome, igualdade entre homens e mulheres ou a proteção à criança e ao jovem.
Porém, desta vez, questões ambientais foram classificadas como assuntos importantes, como o uso sustentável da água e da energia, redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa -- com metas de corte previstos para os anos de 2020, 2030 e 2050 --, além de reforçar a proteção das florestas por meio da valoração dos serviços ambientais.
Virgílio Viana, superintendente da Fundação Amazonas Sustentável, foi um dos três brasileiros que trabalharam na elaboração das metas, que devem orientar um grupo diplomático oficial da ONU, com chefes de Estado e ministros, no desenvolvimento do rascunho dos ODSs - que será entregue em setembro deste ano, durante a Assembleia Geral, em Nova York. Os outros dois são Israel Klabin, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), e Vania Somavilla, diretora de sustentabilidade da Vale.
Viana foi um dos coordenadores do grupo de debate sobre florestas, oceanos, biodiversidade e serviços ambientais, responsável por elaborar o Objetivo 9, que trata desta temática. O brasileiro conta que uma das posições defendidas por ele foi a implantação de valor nos serviços florestais, como forma de proteger a biodiversidade.
"Precisamos fazer com que os recursos, as florestas, sejam valorados. Nós só vamos manter as florestas em pé se colocarmos valor nelas", explicou Viana ao G1 . "Dentro dos países é possível avançar bastante sobre o tema (...). Isto está em sintonia com os temas econômico, social, ambiental além da questão da governança, que deve ser melhorada em todas as escalas", complementa.
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